Como Lidar com a Insegurança: traição, medo do abandono e ciúmes

Poucas coisas são tão desgastantes numa relação quanto a insegurança. Seja o medo constante de ser trocada, a desconfiança diante de qualquer mensagem no celular ou a sensação de que você nunca é “suficiente”, a insegurança mina a paz e corrói a conexão entre duas pessoas.

Mas calma: sentir insegurança até certo nível é completamente normal, não significa que você é fraca ou “louca”. Isso é muito mais comum do que parece — e pode ser superado com consciência e prática.


O que está por trás da insegurança?

A insegurança costuma nascer de dois fatores principais:

  1. Histórico pessoal
    Quem já viveu uma traição, abandono ou rejeição no passado carrega cicatrizes emocionais. Mesmo em uma nova relação, esses traumas podem reaparecer como medo de reviver a dor.
  2. Dinâmica atual da relação
    Algumas atitudes do parceiro podem reforçar a insegurança: falta de transparência, pouca atenção, comportamentos ambíguos (como curtir fotos sugestivas ou esconder conversas).

Ou seja, a insegurança não surge do nada. Ela é um reflexo da sua história somada ao presente.


Insegurança x Intuição: como diferenciar

Muitas vezes, a mente confunde insegurança com intuição. A diferença está no tom:

  • Insegurança: pode vir carregada de ansiedade, suposições e necessidade de controle.
  • Intuição: é mais serena, como uma percepção de que algo não está certo.

Saber distinguir evita que você viva numa vigilância constante — que desgasta tanto você quanto a relação.


O ciclo da insegurança

Se não for trabalhada, a insegurança vira um ciclo difícil de quebrar:

  1. Você sente medo de perder.
  2. Começa a vigiar (olhar celular, redes sociais, comentários).
  3. O parceiro percebe o controle e se afasta.
  4. O afastamento aumenta sua insegurança.
  5. O ciclo recomeça, cada vez mais forte.

O resultado? Uma relação marcada por desconfiança, tensão e falta de liberdade.


Passos para lidar com a insegurança

1. Reconheça suas emoções

O primeiro passo não é mudar o parceiro, mas reconhecer o que você sente. Pergunte-se:

  • Estou com medo de um cenário real ou apenas imaginando cenários?
  • Esse desconforto é sobre ele ou sobre minhas próprias feridas passadas?

2. Converse de forma aberta

Insegurança guardada vira explosão. Ao invés de acusações, tente algo como:
“Quando você passa muito tempo no celular à noite, eu me sinto deixada de lado. Isso desperta insegurança em mim. Podemos pensar em uma forma de equilibrar isso?”

3. Estabeleça limites claros

Se algo ultrapassa os seus valores (como falta de transparência, ou curtidas em fotos sugestivas), é preciso deixar claro que isso é um limite. Lembre-se: aceitar tudo em silêncio só reforça a insegurança.

4. Cuide da sua autoestima

Muitas vezes, a insegurança cresce porque você esquece de cuidar de si mesma. Valorizar seus hobbies, sua carreira, sua vida social e seu bem-estar fortalece a sensação de que você não depende apenas da relação para se sentir viva e validada.

5. Observe as atitudes

Palavras podem ser bonitas, mas são as ações que mostram se a insegurança é fruto da sua imaginação ou de sinais concretos de desrespeito.


O que fazer quando há traição real?

Quando a insegurança não é só um medo, mas uma realidade (uma traição descoberta, por exemplo), o processo muda. Nesse caso, é essencial avaliar:

  • Quero reconstruir essa relação?
  • Há disposição dele em recuperar a confiança?
  • Estou disposta a passar pelo processo de perdão, que é longo e exige compromisso dos dois?

A escolha não é simples, mas é sua. O mais importante é não permanecer em uma relação onde você sente que precisa se anular para manter o outro.


O medo do abandono

Além da traição, existe um outro fantasminha: o abandono. Muitas vezes, o medo não é de uma traição concreta, mas da ideia de que você será deixada.

Esse medo pode ter raízes na infância (pais ausentes, separações) ou em relacionamentos passados. E a verdade é: quanto mais você tenta segurar alguém por medo de perder, mais sufoca e afasta essa pessoa.

Trabalhar esse ponto exige autoconhecimento: entender que o valor da sua vida não está condicionado à presença de alguém – e a permanência de alguém na sua vida não está no seu controle.


Quando buscar ajuda profissional

Se a insegurança está consumindo sua energia, prejudicando sua rotina e te impedindo de viver a relação de forma leve, pode ser o momento de buscar ajuda psicológica. A terapia é um espaço seguro para entender a origem desses medos e aprender a lidar com eles de forma madura.


Conclusão

A insegurança pode até parecer um inimigo, mas na verdade ela é um sinal de que algo precisa de atenção: suas feridas emocionais, sua autoestima ou a clareza dos limites dentro da relação.

Você não precisa viver refém desse sentimento. Com autoconhecimento, diálogo e limites bem definidos, é possível transformar o medo em maturidade e construir relações mais leves e verdadeiras.

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